Dia Desmanchado - por Efigênia Loeff Zardo*

Arte: Ernani Chaves



Tomo a liberdade de fazer uma leitura do espetáculo que tive o prazer de assistir hoje.

            Raramente somos presenteados com uma obra belíssima.

Ir ao teatro, para mim, significa aprender, significa deleite, significa imaginar, significa sentir, significa......

Assim, sou grata aos autores que escrevem seus temores, seus amores, suas expectativas, suas mágicas, suas censuras. E sou mais grata ainda, aos atores que me estampam a minha condição de humano.

E foi isso que vi e vivi hoje. Transcrever o sentimento é uma proposta quase impossível, quando não dizer, inacessível, porque é sentida:

A minha rotina para sobreviver; os amores que podem vir a ser conquistados; a paixão vivida e não perpetuada; a flor que não pode ser entregue; a bebida que não é sorvida pela companheira; o bolo que não chega sequer a saboreado ou mesmo experimentado na ponta do dedo; a frustação pela chegada do dia seguinte que não me mostrará sequer um inseto diferente.... a solidão...... a tristeza... a ira.... o ser humano.

Então lhe digo: PARABENS! e OBRIGADA!

A complexidade da palavra escrita na asa do avião, se encontra com textos que tenho buscado para compreender ou desentender o teatro. Há algum tempo, através de leituras feitas, encontrei um sujeito chamado Yoshi Oida (ator japonês) que me mostrou outro entendimento da arte do ator. Li seus livros e o que ali encontrei me moveu a fazer Tai chi Chuan. Uma mínima noção da memória do corpo (dita por aquela moça), da circularidade cósmica, do movimento que você falou, pude adquirir e com felicidade digo-lhe que está em processo comigo. Das leituras desse ator cheguei a um dramaturgo chileno chamado Alexandro Jodorowsky. Esse é doidão! Preciso de um olhar muito crítico e seletivo para os textos dele. Um dos livros dele, chama-se “Teatro Sin Fin”. Até então, consegui apenas um fragmento desta obra – que está em anexo. Mas nesse “retalho” está escrito o seguinte:  


“Cualquier trabajo sobre uno mismo nunca es creativo: es siempre benéficamente destructivo. Se rompen limites.”


Pois assim está: a incerteza me mostra possibilidades, ao invés de me apresentar coisas prontas e se me questiono, escancaro minhas máscaras e se tenho caráter, desenvolvo um processo beneficamente destrutivo.

E agora termino: desejo a todo o seu grupo (*) muita energia circular, muita iluminação, muita paz e, sobretudo, muito público, para que esse re-conhecimento do comportamento humano se espalhe, voe.
*Quando digo grupo, estou englobando todo o pessoal da técnica. Entendo um pouco disso: figurino, maquiagem, motorista, iluminação, som, montagem/desmontagem de cenário. Sei que é um trabalho pesado, mas de uma importância que não se mensura.
Um grande abraço e uma feliz trajetória!

 *Efigênia Loeff Zardo é integrante da Cia de Teatro Vento Negro, da cidade de Caçador - SC. 
Abaixo segue o link da Cia de Teatro Vento Negro: www.varau.com.br
Contato: João Paulo Almeida  (49) - 9996 4895



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